Era impressionante como tudo tinha passado tão rápido. A traição do Patrick, os sonhos, as minhas amigas, TUDO! Queria que o tempo abrandasse, congelasse e fica-se preso no frigorífico até eu dar ordens para este sair. Mas as coisas não correm como eu quero.
Hoje, o meu sonho foi diferente. Foi um sonho, mas foi tão real. Acordei na mesma no grande prado e Moon esperava-me.
--Pronta?- ela perguntou.
--Pronta? Hãn? Para quê?
--Não me digas que te esqueceste! - Brincou ela.
Fez "clique". Parecia que o mundo ia desabar e que não poderia salvar as pessoas que amava. Fique boquiaberta com a minha surpresa, quando soube o programa para esta noite. Nada de segui rastos, descobrir dons, ou fazer telepatia mental.
Não. Hoje ia ser diferente. Hoje ia visitar Luz e Escuridão.
O meu estômago começou a andar à roda quando pensei em tal coisa. Acho que fiquei tonta e as borboletas no estômago aumentaram de tamanho revelando-se pássaros.
--Respira, Chelsie. Vai tudo correr bem. - ela disse isto com uma voz tão tranquilizadora que não pude, durante 2 minutos, sentir-me novamente ansiosa.
Subitamente, ela agarrou-me na mão e conduziu-me para o meio da floresta. Andamos cerca de 1 km e meio. Onde não conseguia ver a Lua nem o céu, devido à extensa vegetação que se encontrava por cima das nossas cabeças.
Cheirava a flores, a dálias e a orquídeas. Percorri com os meus olhos a floresta mas não as vi. Também não existia sinais de vida, relativamente a animais porque as árvores eram maravilhosas. Todas com as copas diferentes. Senti-me tentada a passar a mão, pelo menos sobre uma delas, mas Moon estava com passo apressado. As folhas eram lindas. Só as diferentes tonalidades que podiam existir numa árvore eram enormes: verde musgo, verde-esmeralda, verde vivo, verde-claro, e verde-escuro.
Parámos. Os meus olhos ainda observavam a beleza da floresta que tínhamos acabado de atravessar. O aglomerado de arbustos e fetos que por ali andavam circundando-nos era impressionante.
De início, não tive coragem de olhar para a frente. Mas a companhia de Moon fazia-me sentir tão relaxada que confiei nela.
Olhei, não dando conta que à medida que captei o que estava à minha frente a minha boca se abria.
Um portão, majestoso erguia-se à nossa frente. Tal como aqueles grandes portões das casas dos reis, este era enorme. Cheguei-me mais a ele para o puder observar melhor. Era decorado com espirais que formavam a própria estrutura. Era talhado em dourado. Os pormenores que cada espiral tinha: cada tracinho era medido para que todos fossem iguais, cada linha. No mínimo o grande portão era constituído por 6 metros. Máximo não tinha. Havia algo de diferente nele. Eu sentia-o. Quando olhei para cima tudo se confirmou. As palavras "Luz e Escuridão" estavam escritas um pouco mais acima do portão indicando o nome da minha futura casa. Não era apenas um nome esculpido em pedra e mais tarde pintado com dourado por cima. Não, era mais que isso. O nome era a sua própria estrutura assim como o portão. Mas este não estava suspenso nem agarrado a nenhum sítio. Voava. Inacreditável. Tinha umas asas pequenas e desengonçadas que transportavam o peso no nome para que este não caísse a chão.
Enquanto a minha demorada e prolongada observação do incrível objecto que se encontrava diante de mim, Moon disse umas palavras que não percebi, e depois o portão abriu-se.
Tive medo, e a agonia regressou ao meu corpo, mas desta vez Moon não deu conta e não me acalmou. Caminhámos alguns passos dirigindo-nos para algum sítio, deixando o portão atrás das costas.
De início, nada vi. Um pequeno nevoeiro impediu que os meus olhos captassem alguma coisa. Porém, à medida que avançávamos este tornava-se menos denso, chegando a desaparecer.
Fiquei novamente estupefacta.
Estava à espera de encontrar tudo, menos aquilo.
Era uma cidade normal, se olhássemos apenas por olhar. Tinha lojas, ruas, passadeiras, rotundas, casas, prédios. Ao fundo consegui visualizar um grande edifício que mal li a placa que indicava o nome soube que era a escola. A minha futura escola. Voltei a olhar para as estradas e percebi que nem tudo naquele local era normal. Não havia sinais de carros.
Vi motas, bicicletas, pessoas a andarem a pé, mas nada de carros.--Não existem carros aqui? - questionei a Moon.
--Não. Os transportes de comunicação são uma das formas que nos permite saber de que "espécie" és. As fadas, andam com as suas próprias asas, os magos com vassouras mágicas que se deslocam sozinhas, assim como nos livros da terra; os humanos que mais tarde serão Deuses andam de bicicleta ou de mota. Todos podem andar a pé.
--E as musas?
--Essas podem escolher o veículo que quiserem. mas para terem a moto têm que tirar a carta de condução.
Não gostava de nenhuma das ideias. Se andasse de vassoura, caíra para o lado de certeza. Mota não podia, porque ainda não tinha carta. Também não tinha asas. Vasculhei no íntimo da minha mente à procura de alguma coisa que me pudesse dar jeito.
--Podemos andar a cavalo pela cidade?
--Nunca me ocorrera tal ideia - confessou Moon - estás livre de escolheres o que quiseres. Podes, se assim desejares.
--Fixe!
--Os cavalos vendem-se depois da escola, mais atrás. Mais tarde passamos lá para escolheres o teu. Agora, vamos visitar escola. Melhor deixarei ao teu critério: preferes visitar a escola primeiro ou a tua casa?
--A casa, respondi rapidamente.
Já bastava saber que daqui em diante iria ser a "novidade" deste mundo. E não me agradava nada a ideia.
Atravessámos as ruas, onde todos paravam como se eu fosse a Mona Lisa.
“Maravilhoso!” resmunguei para comigo.
Enquanto sabia que todos me miravam, nem que fosse um bocadinho, apreciava as montras das lojas pelas quais passávamos, fazendo uma lista mental das coisas que necessitava. Roupa nova, comida, e amigos. Dãaah! Isso não se compra! E ri-me da minha ideia,
Nunca fora boa a construir novas amizades. Não preciso de ter batalhões de amigos para ser feliz. Precisava apenas de 1, e que esse fosse verdadeiro.
--Oh não! – Moon exclamou.
--Que se passa?
--O teu pai vai mesmo agora acordar-te. Lamento mas hoje não dá para veres o teu futuro lar. Prometo, amanhã, nem precisas de estar a dormir. Basta chamares-me e eu trarei-te cá.
Acenei com a cabeça. “Que raios!” Logo agora que ia conhecer a minha futura casa o meu pai tinha que me vir acordar.
Senti qualquer coisa a abanar-me o ombro.
--Acorda. – dizia ele.
Não queria acordar. Estava bem ali, em Luz e Escuridão, preparada para conhecer a minha casa quando o meu pai me veio acordar.
--Raios! É que é sempre amanhã! - Barafustei.
--Sempre amanhã o quê? - perguntou o meu pai confuso.
--Nada esquece. Vou-me vestir e já desço para te fazer companhia no pequeno-almoço.
Mal o disse, dei um salto da cama. Recordei do que Moon me tinha dito, e olhei para o meu pulso, onde se encontrava a minha tatoo.
Por mim passaria o dia todo a sonhar acordada, estando apenas o meu corpo presente. Infelizmente, não poderia dar-me a esse luxo na aula de E.V, onde o meu objectivo era puxar pela minha criatividade para criar diferentes formas geométricas a meio de criar um padrão.
Suspirei. Guardaria a minha visita para a aula de Matemática. Com este pensamento, surgiu um sorriso traquina no meu rosto.
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