24/01/11

Capítulo 2

  Não sabia onde estava, ou que horas eram.
Olhei em volta sobressaltada. "Mas o que é que eu estou aqui a fazer?"
  Estava desorientada. Queria sair dali, mas com aquela escuridão era praticamente impossível.
  "Onde é que eu estou?"
  Quando me fui para levantar, reparei que tinha as mãos atadas. E que eu estava sentada no chão, amarrada a um poste, com fita adesiva na boca.
  Entrei em pânico.
  "Isto não é bom sinal. Nada bom sinal. ALGUÉM ESTÁ A OUVIR?! TIREM-ME DAQUI" apetecia-me dizer.
 Os meus olhos começaram-se a adaptar à ausência de luz, e, quando isso aconteceu, reparei que estava num quarto.
  Nunca poderia ser um quarto de hotel por causa do cheiro. Cheirava a podre, algo parecido com sangue estragado; sangue apodrecido.
 A cama estava ao meu lado, e estava alguém deitado nela.
 "Não posso fazer barulho, se não acordo-o. Que estranho" pensei. "Não se mexe."
  De uma coisa eu tinha a certeza. Tinha que sair dali, o mais rápido possível e telefonar à polícia.
Abanei as mãos com mais força; mas tal esforço foi inútil visto que as cordas não se soltavam. Estavam amarradas com um nó muito bem dado.
Percorri o quarto com os olhos com o objectivo de encontrar um lugar por onde pudesse fugir caso me soltasse.
  Durante momentos, o mundo parou, o meu coração congelou e eu fiquei presa num buraco sem fim, após ter ouvisto aquela voz.
  --O que fazemos com ela? - alguém perguntou do outro lado da porta.
  "Aquela voz! Não pode! Não pode!" gritava mentalmente. As imagens daquele dia tenebroso passavam-me à frente dos olhos. Eram tão reais como se eu estivesse ali, outra vez, na estação de comboio. "É ele, o da tatuagem. Mas.. como?! Como?!"
  --Não sei. - respondeu a outra voz. - Mas seja o que for, quero que ela esteja acordada. Eu, pessoalmente, ia adorar se ela nos reconhcesse. - disse entre risos.
  Eu tremia de medo, de pânco, de pavor. Eles não me iam fazer coisa boa. O meu coração batia como nunca batera; descontrolado, como um cavalo.
  Tentei acalmar-me. "Mas como é que eles me foram buscar? Como é que me encontraram? Onde está o meu pai?"
  As perguntas estavam a dar comigo em doida. Institivamente, olhei para a cama, para ver quem era a pessoa que lá dormia.
  Com um olhar rápido, verifiquei estupfacta que cheirava mesmo a sangue podre. E o sangue vinha daquele homem! Aquele homem estava morto! M-O-R-T-O!
 Comecei a mexer-me com mais força,  e as duas pessoas do outro lado da porta ouviram.
  -- Estou a ouvir barulho. - disse a primeira voz - É melhor irmos ver o que se passa, talvez a nossa princesa já tenha acordado.
  Quando ouvi isto, um sexto sentido contou-me que era melhor permanecer com os olhos fechados e com a cabeça para baixo. "Talvez eles assim pensem que continuo a dormir." Já com os olhos fechados ouvi a porta a abrir. Os passos deles eram pesados, fortes e ritmados, e soube de seguida que se dirigiam a mim.
  Um deles tinha a mão bastante húmida e quente quando me tocou no pescoço com o objectivo de verificar se eu estava acordada. "Vão-se embora! Deixem-me em paz!"
  --Fogo meu! Cheira bué mal aqui! - disse o da mão húmida ainda a segurar-me no queixo.
  Entretanto o outro estava mais longe, perto da cama, pelos meus cálculos.
   --Cheira a sangue grande otário! - responde o homem com a voz grave - Vem do  Senhor Professor, o pai da nossa da princesa.
  Fiquei sem respirar. sem sinal de vida. Em total estado de choque. O meu coração parou por minutos de tempo indefinidos  e dentro da minha mente como todo o meu espirito a solidão e a escuridão começaram a reinar.
  "Não acredito. Aqueles crabrões mataram a minha mãe e o meu pai e quando tudo isto acabar eu certamente, irei estar morta também." O medo percorria-me as veias, mas a cólera era superior,
  --Meu vem me aqui ajudar a esconder o corpo deste fulano. - pediu o da voz grave.
  Ouvi-os a levantarem o corpo do meu pai da cama.
  --Não te rales com a faca seu estúpido! - ordenou o da voz grave - Mete-a em cima da mesinha de cabeceira e preocupa-te em trancar a porta enquanto eu procuro um sítio para guardar-mos isto. Não vá este cheiro causar-nos vómitos.
  Só voltei a abrir os olhos quando ouvi a porta do quarto a fechar. Tinham deixado a luz acessa e agora podia observar o quarto em condições. Primeiro, queria-me soltar daquela corda. "preciso de uma faca." procurei a mesinha de cabeceira. Estava a dois metros de mim. Os meus pés estavam desatados; um erro de principiante nos raptos, concluí.
  Estiquei umas das pernas e tocava no canto da mesa. Bastava só ter cuidado para a faca cair à minha frente. Se tal acontecesse, seria muito mais fácil levá-la até às mãos. Empurrei a mesa, que fez um grbade barulho ao embater no chão, e a faca fez o trajecto que eu tinha planeado. "Yes!" Com a outra perna, aproximei o objecto das minhas mãos. Antes de cortar a corda verifiquei se não estava a ser observada do outro lado da porta. Não. Para minha salvação não estava. Agarrei a faca com a mão direita e enquanto rezava para que naquele momento nenhum dos dois homens entrasse plea grande porta, cortei-a. Zás! Suspirei, e quase me cairam lágrimas de alegria quando me levantei.
  "Chel's, concentra-te. Tens que encontrar uma saída e RÁPIDO!" Percorri novamente a sala com os olhos. Não havia uma única janela. "Bolas!". Porém, ligeiramente, havia uma conduta para sair o ar condicionado. Era a única maneira.
  Peguei numa cadeira, subi para cima dela, e retirei a vedação com alguma dificuldade. No entanto, quando ia a entrar, alguém empurrou a cadeira e eu caí com bastante força no chão. "Não, não!"             
  Levantei-me, tão rápido, que quase caí outra vez. Ele ia agarrar-me mas esquivei-me. Não estava para brincadeiras. "Nem estás tu, nem estou eu." Porém, no fundo, estava cheia de medo.
   Ele agarrou-me outra vez tentando sufucar-me. Defendi-me com um murro no nariz, com tanta força quanto aquela que tinha.
  --Não vai ser assim tão fácil, amorzinho. - disse com um sorriso zangado.
Rodei sobre mim mesma e fiquei de frente para ele. Estava encurralada. Tinha a parade atrás e ela à frente. "Quem me dera ser um fantasma". Ele fez um movimento tão rápido que eu nem tive tempo de reagir. Com um piscar de olhos, já estava o cotovelo dele à volta do meu pescoço sem me deixar respirar. A sufocar-me.
  --Não te devias ter armado em esperta comigo, fofura. - disse, numa voz doce.
  O meu sofrimento metia-lhe gozo. E isso não era nada bom.
  Ele encostou a arma à minha cabeça.
  Senti-me desfalecer, até que ele me soltou, agarrando-me apenas pelo braço. Eu estava a tentar não dar parte fraca. "Acabou. Já não há saída. Vou morrer."
  Ele sorriu mais uma vez e clicou no gatilho.
 
 Acordei com o coração aos pulos, totalmente transpirada. Fiquei em choque durante um bom momento. Depois, verifiquei que tudo não passara de uma partida da minha fértil imaginação. "Mas que partida!" Demorou bastante tempo, até me sentir segura. A corrida do meu coração abrandou até   não passar de uma caminhada sem pressa. Olhei para o relógio. Eram cinco da manhã. Fui ao quarto do meu pai, onde este ressonava. Depois do pesadelo que tinha tido só apetecia abraçá-lo e dizer que o amava. mas provavelmente se o fizesse, ele mandava-me para um hospital com medo que aqui a miss estivesse com febre.

 
 








--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Estava a sonhar, disso tinha a certeza…
Encontrava-me num campo, com algumas árvores, a lua estava cheia e irradiava uma luz fora do normal: parecia que me sorria.
Os meus pés tocavam na erva macia, que fazia cócegas, o vento agitava-me o cabelo solto e não tinha frio.
Estava a correr, uma corrida lenta em que podia cheirar e captar tudo o qu se passava à minha volta… Os ombros desnudados ao toque, pareciam cetim, de tão macios que estavam, e as pernas, sem nada que as escondesse do escuro da noite, agitavam-se agilmente.
Pés descalços? Ombros desnudados? Pernas ao léu?
Olhei para mim. Estava com um vestido branco curto, que me chegava ao joelho, as unhas pintadas de preto, e o meu cabelo, preto, descia pelos meus ombros como água que corre numa cascata.
No meio deste sonho, vi uma sombra passar no meio da densa floresta. O meu primeiro instinto fio gritar, mas por alguma coisa não o fiz.
Estaria a espiar-me? O que queria de mim? O que desejava?
Aquilo parou e veio ao meu encontro.
Assustei-me, ponderei mais uma vez a questão de gritar, mas mais uma vez não o fiz.
Ela saiu do meio da floresta, sim ela, era uma mulher. Vestia uma vestido comprido, preto, que contrastava com o cabelo dela que era loiro. Os olhos azuis, partindo do princípio,  se andasse na minha escola teria todos os gajos atrás dela.
Mas era mais velha, dava-lhe uns 23 anos. Ao falar, a sua voz parecia música, de tão irreal que era:
--Bem-vinda Chelsie White.
--Q…Quem és? – perguntei a medo, por essa razão gaguejava.
--Chamo-me Moonly, Moon, é como todos me tratam e significa Lua. Sou uma das 7 musas em toda a História do Mundo. Cada uma de nós é associada a algo: um nome, um fenómeno, uma data. Eu fui associada às estrelas e a Lua. Mais propriamente à Noite. Mas nada disto é importante agora. Vamos falar de ti.
--De mim?! - Perguntei incrédula.
--Sim, de ti.
Mas o que ela queria? Seria só um produto da minha imaginação? Ou isto estaria a acontecer? O que se passa? Eu exijo saber!
--Calma. - disse na voz mais tranquila deste mundo. – Vai ser tudo explicado com o tempo. Neste momento, estás sob minha guarda e eu tenho que me certificar de que tu aprendes tudo o que tenho para te ensinar.
--Vou ter outra escola?
--Não. Irei transmitir-te tudo nos teus sonhos como estou a fazer neste momento. Como estava a dizer, somos sete musas, e cada uma escolhe os seus alunos que irão ser apenas alunos, e o seu discípulo. A diferença está em que os alunos têm aulas com as instrutoras e o discípulo tem aula com a própria musa. Nós musas somos imortais mas existe um tempo em que não vamos ser mais precisas e temos que renovar os nossos cargos. Vou-te preparar para seres musa , e escolhi-te a ti, porque não quero ser apenas tua orientadora para mais tarde passares pelos portões de ‘’Luz e Escuridão’’, que é a terra lendária onde vivem as musas. Quero ser um diário, quero ser a tua amiga especial, e como estás numa fase complicada da tua vida, quero que tu e eu agora somos apenas um. Tudo o que tu sentes eu vou sentir também, e o teu espírito está no meu.
Espero que me ajudes, pois se eu cometer alguma falha, se, algum dia te acontecer alguma coisa em ‘’Luz e Escuridão’’ matam-me por não te ter ‘’criado’’ e educado bem.
Fiquei pasmada! Eu musa?! Algum dia?! Queria gritar, perguntar mais coisas, saber mais coisas acerca de mim.
Mas antes ouvi a voz do meu pai a bater na porta:
--Chel’s, está na hora de ires comer.
Acordei e levantei-me, ainda estava zonza, e pude ouvir Moon dizer:
--Lembra-te eu sou o que tu és. Deixei-te uma marca no pulso direito, com uma estrela dentro de um olho. Essa é a minha marca. É a marca que me pertences. No pé também tens uma pulseira com um pendente exactamente com o mesmo símbolo que está no teu pulso. Não te preocupes, as dúvidas serão esclarecidas com o tempo.
Após isto levantei-me, e fiz tudo como se ainda fosse eu, sabendo que nada a partir de hoje seria normal.

2 comentários: